
Rio – Cria da Baixada Fluminense, Izrra, de 24 anos, fez sucesso ao participar do “The Voice Brasil 2020”. Após chegar à final do reality pelo time de Carlinhos Brown, o cantor trilha os primeiros passos da carreira na música pop. Recentemente, lançou a música “Refém” pela Universal Music, com direito a videoclipe que mostra toda a conexão do artista com a moda e a relação com sua mãe. Composta pelo próprio Izrra, a faixa fala sobre libertação.
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“Me liberto das amarras que me prendem no cotidiano, no dia a dia, como a forma de me vestir, a forma de falar, sabe? Na música, eu falo de um amor que vai além de um namorado e namorada, de um filho e uma mãe. É amar a todos. Quando falo isso, também estou quebrando os preconceitos que chegam até mim e não quero ter na minha música. Quero cantar para todos, que minha música seja universal”, diz Izrra.
No videoclipe, além de uma banda composta por amigos e cenografia com muitas luzes, Izrra aparece usando uma saia kilt, conhecida por ser usada pelos escoceses, feita pela própria mãe. Ele conta que sempre gostou de ousar no visual, mas que era complicado usar looks considerados fora do padrão de masculinidade antes de se tornar artista.
“Eu sou da Baixada Fluminense e sempre gostei de me vestir diferente, de pintar unha, de usar cropped. Mas se eu usasse isso onde eu moro, a galera ia me zoar. Agora, estou tendo a oportunidade de ser um artista e de mostrar aquilo que eu sempre fui, sabe? Eu me prendia por conta do que as pessoas iam falar, das críticas, das ofensas, até pelo fato de ser um homem preto e viver em uma sociedade racista, que deixa tudo mais difícil ainda”, pensa ele, que propõe uma arte antirracista.
“É para dizer que somos capazes de estar onde a gente quer, independente da nossa cor. Por isso, a importância de eu me vestir e me posicionar para transmitir a outros jovens homens, pretos e periféricos… Eu posso falar do meu lugar de homem, mas também quero falar para as mulheres pretas, quem eu homenageio nesse primeiro single, ‘Refém’, porque foi a minha inspiração. Eu vi a minha mãe fazendo comida e falei: ‘é a música da minha mãe, é a música do meu amor por ela, mas também de um amor universal’”, conta Izrra.
Trajetória
Mas o The Voice Brasil não foi o primeiro palco no qual Izrra chamou atenção. Em 2016, antes de começar a carreira profissional, viralizou em um vídeo cantando no metrô do Rio. O sucesso foi tanto que o cantor Jorge Vercillo viu o registro e o convidou para cantar em um show.
“Foi uma experiência de otimismo. Naquele momento, eu estava vivendo uma fase difícil com a minha mãe, a gente estava sem luz em casa, sem o que comer. E o fato de eu ter saído da minha casa para respirar, pensar em algo e trazer algo bom para a minha família, me trouxe aquele vídeo. Foi meu maior ensinamento da vida, momento em que eu estava mais triste, mais para baixo e ter acontecido aquilo, as pessoas batendo palma, cantando juntas comigo, esse vídeo ter viralizado”, relembra o cantor.
Por influência de sua família, Izrra ouve diferentes estilos musicais desde a infância. O pai dançava em bailes charme pela cidade, já a mãe escutava músicas religiosas, enquanto uma tia o apresentou nomes da MPB, como Djavan, Milton Nascimento e Jorge Vercillo. É dessa mistura que nasce o som do artista. Além da versatilidade musical, a família sempre apoiou a carreira artística dele.
“Minha mãe costumava dizer que quando ela acompanhava meu pai aos bailes, a gente (Izrra e seu irmão gêmeo) dormia a noite toda mesmo com som alto… Comecei a cantar aos 4 anos na Igreja, não pensava em viver da música no início, mas a minha família sempre apoiou. Muitas vezes, a gente vê pais que falam que música não dá, quem canta é vagabundo. Mas a música sempre esteve presente na minha vida e meus pais sempre apoiaram”, reflete o artista, que mistura soul, MPB, R&B e trap.
Música e futuro
Além de “Refém”, o cantor pretende lançar outro single neste ano e um disco completo. “Está sendo construído com muito amor, paciência e dedicação. Vai ser meu primeiro álbum. É pra mostrar o Izrra. É uma coisa para eu ver lá no futuro e sentir muito orgulho”, pensa o cantor, que fala sobre o futuro e referências atuais.
“Estou me dedicando muito para estar entre as referências. O Brasil é muito rico na música e tem muita gente que eu escuto. Liniker, que é minha inspiração todo tempo, Anchieta, que é um moleque supertalentoso, Mahmundi, Amanda Coronha, Victor Alves, Filipe Papi, Caio Nunes, Késia Estácio. São as pessoas que escuto atualmente”, finaliza ele.
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